Profissional versus Pára-quedista

Nos últimos dias (meses) tenho pensado melhor na minha carreira profissional, onde quero chegar e quais são os meus objetivos. Iniciei um planejamento de estudos de livros e de certificações para este ano para me tornar um profissional mais qualificado. Como dizem: "A sorte é o encontro da competência com a oportunidade." Estou em estudos constantes, mas as vezes nos perdemos no meio de tanta informação e acabamos perdendo nosso precioso tempo estudando cada dia uma coisa, começando livros e não terminando, estudando tecnologias novas para estar atualizado e esquecendo do nosso objetivo profissional. Agora estou focando mais nos meus objetivos e até o próximo ano pretendo dar um salto em minha carreira e nos meus conhecimentos técnicos.


Em meio às minhas novas decisões, encontrei um artigo que eu já tinha lido quando foi publicado no blog do Fernando Franzini. Só para citar o Fernando e o Camilo Lopes são profissionais que acompanho pelos seus respectivos blogs, além de outros meios, e que são boas referências para carreira Java. Quando li este artigo até pensei, "ah não é bem assim", pois me identifiquei com algumas características do pára-quedista, principalmente relacionado aos estudos sem foco tomarem nosso tempo, mas hoje concordo com tudo que foi dito. Enfim, vejo que amadureci profissionalmente e ainda tenho muito mais pela frente, este é só início.

Leiam o artigo abaixo, é um pouco extenso mas vale a pena. E não se preocupe se você se identificar com características do pára-quedista, geralmente os mais jovens são assim é uma fase da vida. Apenas entenda o porque de não ser assim, se o meio em que vive ou trabalha te faz ser assim, reveja seus conceitos a partir de hoje e mude suas atitudes.



O profissional é um especialista…

Uma das maiores características de um profissional é que ele é especialista em fazer alguma coisa bem feita, possuindo conhecimentos profundos e iterativos em um determinado conjunto de assunto que reflete a sua área de atuação. A pessoa que se enquadra neste perfil tem um destino claro na sua cabeça, sabendo exatamente aonde quer chegar profissionalmente. Seu ciclo de investimento profissional é exclusivamente em prol de chegar neste suposto destino. Este candidato quando indagado do seu objetivo de vida, rapidamente responde: Eu quero ser “ISSO” e trabalhar “NAQUILO”.
De forma comparativa, eu poderia exemplificar falando de um atacante de futebol que tem o único objetivo de ajudar a equipe fazendo gols. Ele é especialista em dominar as técnicas que cooperem com o objetivo de atacar o gol do oponente.

O profissional sempre esta aprendendo…

O profissional tem um investimento constante de aprendizado com objetivo de melhorar cada dia mais em sua determinada área de atuação. Este investimento esta relacionado com eventos, cursos, treinamentos, livros, certificações e etc. Mesmo que em certos momentos da vida este investimento no aprendizado tenha oscilações de intensidade, ainda sim ele continua iterativamente crescendo, algumas vezes com mais velocidade e outras com menos.
Continuando com o atacante de futebol, seu objetivo é estar presente no momento exato para colocar a bola dentro no gol adversário, por isso ele sempre esta investindo seus esforços com objetivo de melhorar o seu papel dentro da equipe. Ele busca aprender e melhorar somente nas determina características que iram cooperar para desempenhar o seu determinado papel.

O profissional usa seu tempo ocioso para crescer…

Qualquer intervalo de tempo ocioso é sabiamente usado para acompanhar as novas tendências de sua área. Cursos, treinamentos, sites, blogs, fóruns, RSS, revistas e livros são algumas das possíveis ferramentas usadas com objetivo claro de cooperar para seu aprendizado e crescimento que fazem parte do seu foco de atuação.

O profissional aprende antes de precisar…

Devido a sua natureza iterativa de aprendizado, o profissional na maioria das vezes já detém o conhecimento prévio quando as oportunidades de aplicabilidade chegam a seu caminho. Ou seja, ele sempre esta preparado para usar ou decidir algo quando esta necessidade bate na sua porta. Mesmo que às vezes seje necessário um aprofundamento maior, no geral ele já tem noção e consciência do caminho a ser direcionado.
Continuando o com o nosso jogador atacante, ele sempre esta preparado para dar aquela cabeçada ou cobrar aquele pênalti quando a situação acontecer. Depois disso é só correr para a torcida!

O profissional tem objetivo definido…

Focado no seu objetivo, o profissional não perde sua direção investindo ou mudando para caminhos que fogem do seu escopo de atuação. Qualquer desvirtuamento do seu destino alvo é claramente identificado e adequadamente corrigido. Ele não pende para oportunidades relâmpagos que sejam momentaneamente vantajosas que fujam do seu objetivo profissional final. O profissional prefere investir mais na sua capacitação, esperando uma oportunidade compatível com seu objetivo.
Continuando com a figura do atacante de futebol, ele não se aventura em desperdiçar em práticas de goleiro ou de lateral esquerdo, uma vez que seu objetivo é estar capacitado e pronto a fazer a bola entrar no gol adversário. Mesmo que apareça uma oportunidade “tampa-buraco” que ganhe um pouco melhor para jogar em outra posição, em outro lugar.

O profissional alterna de emprego visando crescimento…

Um bom emprego dotado de um bom salário acontece quando uma oportunidade que demanda responsabilidade encontra alguém com capacidades para desempenhá-las. É justamente isso que acontece com o profissional! A cada nova oportunidade de emprego, o profissional vem iterativamente acumulando cada dia mais sua experiência e seu conhecimento para ocupar uma posição de responsabilidade compatível na sua área de atuação. O salário acaba sendo mera conseqüência e espelho do nível de responsabilidade assumido a cada cargo.
O atacante do Manchester United tem um salário muito melhor do que um atacante do Atlético Paranaense não somente pelo tamanho do clube, mas sim por que o jogador no porte da empresa tem muito mais responsabilidades! Perder um pênalti na semifinal da Champion League contra o Real Madri, não tem as mesmas conseqüências que perder o mesmo pênalti na semifinal do campeonato paranaense contra o Curitiba.
Segue aqui as características do segundo perfil eu chamei sarcasticamente de candidato “pára-quesdista”:

Pára-quedista não é especialista…

O pára-quedista é aquele camarada que afirma que “sabe de tudo um pouco”. Ele normalmente apresenta uma experiência mais ampla, entretanto bem superficial não tendo raízes profundas em nenhuma vertente especifica. A verdade deste perfil é que ele aparentemente sabe de tudo um pouco, mas que na realidade do dia a dia não tem profundidade de fazer nada bem feito.
Algo unânime e importante para se pontuar aqui é que as boas empresas, dotados de bons salários são compostas de especialistas em suas respectivas áreas, que somando suas forças fazem o empreendimento ter sucesso.
Nos meses de entrevista que eu participei, pude perceber que este ponto se encontrava na grande maioria dos entrevistados. Os candidatos destacavam seu amplo conhecimento, mas não percebiam que a vaga requisitava alguém que tivesse um nível mínimo de profundidade em um conjunto de conhecimentos que viabilizasse sua capacidade em desempenhar com sucesso as responsabilidades do determinado cargo.
Usando nossa comparação eleita como exemplo, seria como um jogador de futebol sendo contratado para uma vaga de atacante e durante a entrevista ele afirmasse o seguinte: “Bom, eu adoro futebol desde pequeno, por isso já joguei dois anos como goleiro no time X, depois atuei um ano e meio como volante no time Y e hoje estou aqui interessado nessa vaga de atacante.”

Pára-quedista não tem objetivo definido…

O pára-quedista é o camarada que sempre esta aprendendo, mas sem ritmo, foco e destino certo. Hoje ele inventa de investir em no caminho A, amanhã ele esta atuando em outra vertente e dai resolvi investir no caminho B. Depois de amanhã, os amigos estão falando de uma novidade e assim o persuadindo a investir no caminho C. O resultado disso que é ele não consegue iterativamente acumular conhecimentos, não tendo profundidade considerável em nenhum escopo especifico.
Voltando para nosso jogador “multi-posição”, eu fico imaginando ele investindo em recursos e treinando específicos para goleiro, outro momento de zagueiro e agora começando como atacante. A pergunta que para mim fica é: “Aonde é que este cara joga bem?”
Nos meses de entrevista que eu participei percebi que este foi um ponto encontrado nos entrevistados recém formados. Eles apresentavam iniciativas de investimentos profissionais discordantes que não traçavam um a linha de perfil claro do objetivo profissional do individuo.

Pára-quedista desperdiça seu tempo…

Esta característica é uma bem comum que eu percebo se repetir ao longo das empresas que eu venho passando nestes anos. Qualquer tempo ocioso ou livre é desenfreadamente desperdiçado com Orkut, Facebook, Twitter, MSN, outros robbies ou assuntos pessoais.
Eu não teria ousadia em criticar qualquer uma destas práticas, uma vez que eu mesmo também tenho as minhas, mas a questão é que eu percebo uma total falta de diligência pessoal na questão do investimento profissional. Não existem dúvidas que faz parte da saúde humana ter momento de lazer, acompanhado daquele super robbies, entretanto tudo tem que ser na medida certa.
Devido a estes fatores, o pára-quedista é aquele camarada que participa de treinamentos, mas não se compromete nas aulas, inicia a leitura de vários livros, finalizando poucos deles, não tem a nem paciência de acompanhar uma revista trimestral e são desprovidos de qualquer habito de leitura regular profissionalmente construtiva.
Hoje a concorrência do mercado de trabalho é impetuosa, as melhores vagas com os melhores salários serão ocupados por pessoas que realmente tenham capacidade de assumir as responsabilidades e isso este intimamente ligado ao nível de investimento que cada um faz na sua área de atuação. Em contra partida, o pára-quedista é aquele camarada que vive reclamando da empresa e de seu salário, não percebendo que bate o cartão todos os dias as 18 e vai para casa investir nos seus preciosos hobbies ao invés do seu salário de amanhã.

Pára-quedista aprende quando precisa…

Devido à falta de foco e uma natureza de aprendizado iterativa, o pára-quedista é aquele tipo de pessoa que sempre precisa aprender e dominar algo no momento exato de colocar o conhecimento em prática. Ou seja, quando a situação bater a porta, ele então é movido em uma correria louca e desorganizada atrás de assimilar informações com o objeto de fazer e ou tomar importantes decisões.
Eu realmente fico pensando no que aconteceria se uma pessoa dentro de um avião em pleno voou assumisse a responsabilidade de sozinho a pousar aquela aeronave? Eu posso ver claramente a imagem do individuo a poucos momentos de pilotar a coisa, digitando a seguinte frase na busca da Google: “Com o pousar uma avião modelo XYZ?”.
Voltando ao exemplo oficial, como ficaria se o atacante tivesse que aprender a bater um pênalti no final do campeonato no momento exato que o time sofreu a falta dentro da área? Teoricamente existem chances destes tipos de situações darem certo, mas na prática vemos que o pior sempre acontece. Eu espero que não exista duvidas no leitor dos finais mais prováveis de cada situação.
Nos meses de entrevista que eu participei pude perceber que este foi o maior ponto forte nos entrevistados deste perfil. Nos conhecimentos que os candidatos apresentavam, a maioria era resultante exclusivo de iniciativas de aprendizado voltada às necessidades imediatas e emergentes do dia a dia. Um índice bem baixo apresentou uma postura proativa de investimentos de qualidade no seu crescimento profissional.
Existe um ditado popular que diz que assim: “Quando a água bate na bunda é que aprende a nadar.” Em minha opinião, na atual situação do mercado de trabalho, aprender a nadar no momento que água estiver neste ponto, à pessoa sem sombra de dúvidas morrerá afogado de alguma forma.

Pára-quedista alterna de emprego visando salário…

Como o pára-quedista é o camarada que atira para todos os lados, qualquer coisa é motivo para a mudança de emprego.  Dentro dos muitos por mim documentados, o mais usado ainda é o aumento de salário como motivação e não como conseqüência. Ou seja, o pára-quedista esta disposto a perder seu foco, investimentos, conhecimentos, experiência e o tempo no emprego atual acumulado em troca de um aumento salarial imediato e instantâneo. Eu também percebi durante as entrevistas e currículos que apresentaram o efeito “galho em galho” sem concretizar projetos ou marcos nos lugares que passaram.
O ponto camuflado nesta questão é que o pára-quedista que apresenta esta característica sempre esta a procura de outros salários melhores, pois em todas as trocas de oportunidades já feitas, ele dificilmente consegue alguma mudança salarial significativa que quebre este ciclo.

Conclusão

Eu gostaria de fechar com uma analogia a frase:
“Boas empresas, dotados de bons salários são compostas de especialistas em suas respectivas áreas, que somando suas forças fazem o empreendimento ter sucesso”.
Essa almejada empresa é como se fosse à nossa ilustre seleção brasileira de futebol. Se pararmos para analisar, a seleção brasileira é uma empresa composta somente de especialistas! Ou seja, cada jogador selecionado é alguém especialista na sua posição com capacidades de desempenhar algum papel relacionado com sua especialidade. Todos nos brasileiros já sabemos qual é o gosto do resultado quando cada especialista deste time desempenha bem suas responsabilidades e infelizmente também sabemos o gosto amargo quando os especialistas das outras seleções desempenham melhor as suas.
Eu acredito que todos nos, em alguns momentos já manifestamos ou iremos manifestar algumas características de pára-quedista em nossas vidas. Por isso gostaria de dar algumas dicas para que o leitor interessado possa combater isso:

Alvo Profissional

Cada pessoa precisa o mais rápido possível definir qual é seu alvo profissional! Responda as seguintes perguntas para você mesmo:
  • O que eu quero fazer na minha vida?
  • O que eu quero ser?
  • Como eu quero trabalhar?
Uma dica particular minha é que cada um precisa escolher uma área que realmente lhe gere satisfação. Não existe mais nada frustrante e desmotivante na vida de uma pessoa que acordar todos os dias para ir trabalhar em algo que não tenha prazer em fazer.

Investimento Profissional

Use todos os recursos possíveis imagináveis para investir naquilo que você deseja fazer que coopere para alcançar seu objetivo. Separe recursos cíclicos (tempo e dinheiro) e invista em na sua vida profissional, delimitando claramente seu tempo de investimento profissional e de lazer pessoal. Use todos os recursos disponíveis para isso: cursos, eventos, treinamentos, certificações, livros, revistas e sites.

Defina Metas Anuais

No começo de cada ano, faça uma lista de objetivos a ser alcançados. Responda as seguintes perguntas:
  • Quais são os cursos, eventos, treinamentos, certificações, livros, revistas e sites que eu possa ler, fazer ou prestar que fará de mim um profissional melhor capacitado para desempenhar as atividades da minha área de atuação?
  • Quais são os cursos, eventos, treinamentos, certificações, livros, revistas e sites que eu possa ler, fazer ou prestar que me proporcionem capacidade para assumir mais responsabilidades, com perspectivas melhores de salário dentro ou fora da empresa que estou?
Defina esta lista, coloque na parede do seu trabalho e mãos a obra!
Algo que eu gostaria de deixar claro é que eu não estou querendo criar um “mundo de utopia” no qual uma pessoa fica vinte e quatro horas por dia bitolado no trabalho e nos estudos, deixando de ser um ser humano normal sociável. Muito pelo contrario, meu desejo que é todos sejam pessoais plenas.
A dica é simples, ao invés de você perder duas horas de almoço inútil por ai, faça apenas uma hora e vinte e invista os quarenta minutos em estudos na sua lista de metas. Caso você tenha o horário de almoço reduzido, faça depois do expediente. Ao invés de ir para casa às dezoito horas e jogar seu tempo na inútil televisão, fique mais quarenta minutos investindo na sua lista de metas. Calcule o quanto de tempo você ira acumular no final de um ano lendo quarenta minutinhos por dia? Imagine então se você se esforçar e separar uma hora e meia por dia?
Agora pense, se você não o fizer, tenha certeza que alguém por ai já esta fazendo. Amanhã este alguém estará colhendo os frutos deste investimento e você ainda estacionado no mesmo lugar. E você ? Concorda comigo ? O artigo fica aberto para comentários e opiniões.
“O coração do sábio busca cada dia mais conhecimento, mas o tolo alimenta-se de sua própria ignorância”. Provérbios 15:14


Frederico Maia Arantes
Analista e Desenvolvedor de Sistemas Java EE
Oracle Certified Professional, Java SE 6 Programmer
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